sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

O Mundo em 2007

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É muito interessante o olhar sobre o mundo apresentado pela revista The Economist, que analisou o estado da democracia em 165 países – de fora ficaram apenas os micro-estados.

As conclusões não surpreendem, mas deixam matéria suficiente para uma reflexão, um tanto ou quanto inquietante.

Primeira conclusão: em todo o mundo existem apenas 28 democracias plenas, pelo que só 13% da população mundial tem o privilégio de viver em liberdade. A lista dos países com uma democracia mais avançada é, como seria de esperar, liderada pela Suécia. Seguem-se a Islândia, a Holanda, a Noruega e a Dinamarca.
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Portugal surge no 19º lugar do ranking. Um lugar honroso e que, apesar de tudo, nos deve fazer pensar que o caminho que percorremos valeu a pena.

Há depois um conjunto de 54 países que a The Economist considera terem uma democracia imperfeita. Um mal menor face ao que está mais para baixo. Entre as democracias imperfeitas encontram-se, por exemplo, o Brasil, a Índia e, surpreendentemente, a Itália. O episódio de ontem no senado - com cuspidela, champanhe e presunto - parece reforçar as imperfeições italianas.

Mais para baixo vem a desolação. São 85 países cujo regime é considerado autoritário ou próximo disso. Nestes países vive praticamente metade da população mundial, pessoas que sobrevivem à margem dos mais elementares direitos, liberdades e garantias.
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Entre os países menos democráticos do mundo estão os últimos "paraísos" comunistas na terra ou o que resta deles. O último lugar da lista é ocupado pela Coreia do Norte, que o líder parlamentar do PCP, Bernardino Soares, considera ser uma democracia.
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Em toda a África - 54 países - há apenas 8 democracias e, com excepção das Ilhas Maurícias, todas elas são imperfeitas. O que, sem dúvida, explica o estado a que chegou o continente. Agora, a culpa já não é do colonialismo.
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Outra análise interessante que pode fazer-se é a do estado da democracia – ou da falta dela – no mundo islâmico. Há, em todo o mundo, mais de 50 países muçulmanos, isto é, existem mais de 50 estados independentes em que a população muçulmana é maioritária.

Neste conjunto de países, não se encontra uma única democracia plena. Pior do que isso, contam-se apenas 5 democracias imperfeitas – a Indonésia, a Malásia, o Bangladesh, o Mali e o Benim.
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Todos os restantes países muçulmanos possuem regimes híbridos (poucos) ou autoritários (a maior parte). Donde se conclui que para gozar de plena liberdade, a população islâmica tem que sair do mundo muçulmano.
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Só é pena que alguns (poucos) muçulmanos que rumam à Europa e à América se achem no direito de conspirar contra a democracia dos países que os acolhem. Os países que lhes permitiram recuperar a sua própria liberdade.

João Castanheira

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