sexta-feira, 21 de março de 2008

Batemos no fundo


Batemos no fundo.

O episódio da escola Carolina Michaëlis revela, de forma caricatural, o estado a que chegou o ensino em Portugal depois de três décadas de complexos de esquerda, que fomentaram a irresponsabilidade dos alunos e arruinaram a autoridade dos professores.

Tudo ali está errado. Tudo ali é cruel, obsceno e chocante.

A começar pela vadia que insulta e agride a professora em plena sala de aula. Para a protagonista deste filme de terror, tudo quanto não seja a expulsão sumária e definitiva do sistema de ensino público será um prémio imerecido.

É óbvio que a punição da delinquente terá que ser verdadeiramente exemplar, sob pena de a partir de agora tudo ser admissível numa sala de aula do nosso país.

Mas o que é mais inquietante é a atitude deplorável do resto dos alunos, que assistem ao episódio com evidente deleite. Riem-se, filmam e disparam comentários como “Isto é demais!”, “Olha que a velha vai cair”.

E o que dizer da absoluta incapacidade da professora em lidar com a situação? Alguém que se dispõe a ser humilhada até ao limite por uma turma inteira não tem, objectivamente, condições para exercer a profissão de professor.

Soube-se agora que a senhora nem sequer havia apresentado queixa contra a aluna. Fê-lo ontem, quando percebeu que o país inteiro havia assistido, perplexo e revoltado, à sua inqualificável humilhação.

A presidente do conselho executivo da escola diz que abriu um processo de averiguações. Como se houvesse grande coisa para averiguar. Imagino que venha por aí o calvário burocrático do costume, que não servirá se não para deixar passar o tempo e esperar que o país se esqueça.

No fim, o processo há-de ser arquivado ou, no limite, a vadia há-de ser meigamente repreendida. A bem da não exclusão.

Sem grandes ondas, porque o assessor de imprensa do ministério da educação já veio publicamente dar as suas instruções: “A situação será resolvida no seio da escola”.

Será possível que esta gente não perceba o mal que está a fazer ao país?

João Castanheira

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