terça-feira, 11 de março de 2008

À beira do abismo.


É suposto um representante de um organismo religioso defender duas coisas básicas. A primeira é a noção de que há coisas que são absolutas, a segunda é a de que, em questões de princípio, não se pode ceder.

O Sr. Williams, Arcebispo da Cantuária e por isso líder máximo da igreja anglicana logo a seguir a sua Majestade, acha que não. Para ele nada é absoluto e a tudo se pode ceder.

Este Senhor, que deveria de estar na linha da frente da defesa dos valores fundamentais que constituem a civilização em que vivemos, independentemente do ramo do cristianismo em que se insere, acha que não, que não vale a pena continuar a defender esses mesmos valores, que é preferível desistir, abdicar de séculos de construção civilizacional e voltar às trevas da idade média, desprezando pelo caminho tudo aquilo que nos torna únicos, nomeadamente na capacidade que temos de assimilar e respeitar as diferenças.

Aqueles que hoje nas nossas casas nos querem impor o primado da intolerância e do fanatismo, são os mesmos a quem o Senhor Arcebispo considera normal permitir que vivam, no nosso seio, segundo as suas regras e valores, de acordo com os seus princípios e leis, coisa que aliás, seria implausível de exigir nas sociedades de que são oriundos, contrariando tudo o que temos como fundamental.

O monstro do relativismo absoluto tocou o Senhor Arcebispo, os seus tentáculos abraçaram-lhe a capacidade de discernir e revelaram a sua imensa cobardia. A cobardia de um homem que perante a parede da intolerância prefere claudicar e ceder, revelando o quanto o abismo se aproxima de nós.
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Luís Manuel Guarita

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