terça-feira, 11 de março de 2008

O País que somos.

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Há uns meses a esta parte, veio o governo de Portugal anunciar, com pompa e circunstância, uma coisa a que chamou Portugal Logístico. À primeira vista tudo ok. Uma rede de plataformas logísticas capazes de reestruturar o sistema de transporte e armazenamento de bens e mercadorias, a bem do ordenamento e desenvolvimento do país. No essencial, uma boa ideia!
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Contudo, uns meses depois, veio uma empresa acrescentar ao nosso Portugal Logístico mais uma localização não prevista nem estudada, fora da rede e contrária à lógica que tinha determinado o plano original.
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Imediatamente e após a proposta que esta empresa fazia, assistimos a uma demonstração da fantástica capacidade de adaptação portuguesa. Aquilo que nunca havia sido previsto, que não havia sido estudado, que contrariava as boas regras do ordenamento, pela localização e pelos impactos que daí advinham, imediatamente se tornou num desses novíssimos PIN e automaticamente se converteu numa prioridade absoluta de Portugal e num exemplo do desenvolvimento que, pelos vistos, queremos.
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Disto tudo se retira a seguinte conclusão. Não vale a pena planear, prever, estudar. Não vale a pena pensar que é ao Estado que compete determinar o planeamento estratégico do ordenamento do território. Não vale a pena pensar que há regras e valores que se deveriam sobrepôr a qualquer outra lógica. A verdade é que no nosso pequeno país à beira mar plantado há sempre uma excepção, seja para o pequeno empresário a quem apetece acrescer mais um piso ao seu empreendimento, seja para a empresa gigante que se acha no direito de fazer e desfazer qualquer Portugal Logístico que por aí apareça.
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Não vale a pena fingir, este é o país que somos!
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Luís Manuel Guarita

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