quinta-feira, 7 de agosto de 2008

O holocausto florestal


Quando era ministro do ambiente, José Sócrates decretou a imprescindível utilidade pública de uma urbanização com dois centros comerciais e sete mil e quinhentos apartamentos – a Nova Setúbal.

Como português, eu agradeço a sensibilidade ambiental do primeiro-ministro. Que avancem os bulldozers, pois o interesse público subjacente à construção de apartamentos privados não se compadece com mariquices.

Em boa verdade, para que servem 1.200 sobreiros senão para fazer lenha?

Pense-se nos benefícios ambientais deste projecto, por exemplo em matéria de saneamento básico. Serão, pelo menos, mais quinze mil retretes, que todos poderemos utilizar, já que são de imprescindível interesse público. Julgo mesmo que o lema desta nova urbanização deveria ser "em cada casa um urinol público".

De PIN em PIN, de interesse público em interesse público, avança imparável o holocausto florestal. Aqui como na Amazónia, o “progresso” vai devorando a verdura, até ao dia em que acabarmos todos com a cabeça enfiada numa saca de cimento.

João Castanheira

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