sábado, 23 de agosto de 2008

Viagem ao Inferno



Nenhuma palavra é suficiente para descrever a monstruosidade dos crimes cometidos pela Alemanha Nazi.

Esta semana, visitei os campos de extermínio de Auschwitz e Birkenau, na Polónia, e dei de caras com a face mais negra e brutal da humanidade.

Percorrer as câmaras de gás, os fornos crematórios ou os subterrâneos do bloco 11 de Auschwitz – o pavilhão da morte – é descer ao inferno e enfrentar os demónios mais sombrios.


Ali, tudo cheira a tortura, a morte e a um sofrimento sem fim: a forca móvel, a sala onde foram ensaiadas as primeiras experiências de extermínio em massa com gás zyklon B, os esconsos sufocantes onde os prisioneiros eram esquecidos até morrerem de sede, fome ou falta de ar...

Está lá tudo. Das celas parecem desprender-se gritos lancinantes de terror e pelos corredores circulam ainda os fantasmas dos carrascos, tomados por um ódio sem limites.

No bloco ao lado, os prisioneiros eram submetidos às mais macabras e criminosas “experiências médicas” e no pátio entre estes dois blocos ficava a parede de execuções, onde muitos milhares de homens e mulheres foram sumariamente fuzilados.

Os requintes de sadismo e malvadez do regime de Adolf Hitler, patentes em todo o campo, ultrapassam o imaginável, mesmo para as mais pérfidas mentes humanas.

Entre 1939 e 1945, o campo de Auschwitz foi um verdadeiro matadouro humano, mas na sua imparável loucura rumo ao abismo, os nazis queriam mais. O objectivo era concluir rapidamente a chamada “solução final para o problema judeu”, assassinando cerca de 11 milhões de pessoas.
.

Por isso, em 1941 construíram o campo de Auschwitz II (Birkenau), uma gigantesca fábrica de matar, onde chegaram a viver como animais perto de 100.000 pessoas.


Os prisioneiros eram transportados durante vários dias em vagões para gado, sucumbindo muitos deles durante a viagem.


À chegada, aqueles que eram considerados aptos para o trabalho escravo nas fábricas do regime eram encaminhados para o campo. A maioria, porém, seguia directamente para o extermínio nas câmaras de gás, neles se incluindo as crianças, os velhos, os doentes e as mulheres grávidas.

Nesta orgia de tortura e morte, só em Auschwitz e Birkenau foram assassinadas cerca de um milhão e meio de pessoas. Sobretudo judeus e seus descendentes, mas também ciganos, homossexuais, testemunhas de Jeová e adversários políticos.

A Polónia tem feito um admirável trabalho de preservação da nossa memória colectiva, mantendo de forma irrepreensível, entre outros lugares de horror, os campos de Auschwitz e Birkenau, que desde 1979 são considerados Património Mundial da Humanidade.
.

O mundo jamais poderá esquecer o que ali se passou.

João Castanheira

Sem comentários: