sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Prémio Pritzker para José Sócrates


Num momento de assumidas dificuldades políticas, o Num Lugar à Direita propõe a atribuição do Prémio Pritzker de Arquitectura ao Eng.º José Sócrates.
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A fineza, o requinte e o bom gosto das casas que projectou na zona raiana revelam até onde pode chegar o génio criativo do primeiro-ministro de Portugal.
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O perfume da arquitectura de Sócrates espalha-se pelas vielas de Valhelhas, pelas calçadas de Covadoude e pelas ribanceiras de Rapoula. Mas é em Porto da Carne que a obra do mestre se revela em todo o seu esplendor.
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A colecção completa pode ser visitada aqui.
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João Castanheira

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Falar verdade


Por razões óbvias, quando se discutem questões de carácter, é necessária toda a prudência.

E – para lá de saber se ocorreram ilegalidades no licenciamento do Freeport – é o carácter do primeiro-ministro de Portugal que está em causa.

Eu acredito que José Sócrates não “solicitou, recebeu ou facilitou pagamentos” para licenciar o outlet de Alcochete. Assim como acredito que não usou expedientes ilícitos para concluir a licenciatura e não assinou projectos de arquitectura elaborados por funcionários camarários legalmente impedidos de o fazer.
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Se o tivesse feito, não teria condições, sequer, para presidir à Junta de Freguesia do Samouco, quanto mais para ser primeiro-ministro de Portugal.
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Mas a verdade é que, apesar dos rumores, nada de concreto existe que permita pôr em causa o carácter e a honestidade do primeiro-ministro. Pode (e deve) divergir-se politicamente de José Sócrates, mas apenas isso.

Dito isto, é essencial que a justiça siga o seu caminho, com a celeridade e o rigor que se impõe, tendo em conta a sensibilidade do caso.

Já no plano político e passada que está a desorientação inicial, está na hora do primeiro-ministro começar a explicar-se ao país. Para o seu bem e para o bem de todos nós. Sendo esta uma matéria sensível, não pode ser ignorada ou remetida à condição de tabu.

A tese da cabala, em que até aqui o Governo se tem escudado, é manifestamente insustentável, na medida em que as suspeitas partem de uma investigação da polícia inglesa. Alguém acredita que as autoridades policiais britânicas queiram atingir politicamente o primeiro-ministro de Portugal?

Como muito bem escreve Pacheco Pereira na revista Sábado de hoje, as perguntas a que José Sócrates deve responder são simples: “Porquê a pressa a dias de eleições, com estafetas a correr de repartição em repartição, serviço em serviço, a levar papéis para tudo estar assinado a tempo? Porquê tanta urgência e porquê a recusa de nos explicarem quem a decidiu e porquê? Porquê insistir que o decreto que altera a área aprovado no mesmo Conselho de Ministros nada tem a ver com a decisão de licenciar o Freeport, quando toda a gente olha para o mapa e percebe que é a mesma área?".

Acrescenta ainda Pacheco Pereira: “Suspeito imenso de explicações que nos tomam por tolos, em vez de simples e claras explicações. O problema é que pode não haver essas explicações simples”.

Eu acredito que as explicações vão aparecer e, portanto, não comungo da inquietação final de Pacheco Pereira.

E espero que não sejam do calibre do relatório elaborado pela Câmara Municipal da Guarda, acerca dos projectos de arquitectura assinados por José Sócrates, de que ele próprio muito se deve envergonhar. Esta gente tem que perceber, de uma vez por todas, que o importante não é safar a pele do amigo ou do chefe a qualquer preço, porque isso arrasa a qualidade da democracia e destrói a confiança na classe política.

O importante é falar verdade.

João Castanheira

É mentira!


Na passada segunda-feira, o primeiro-ministro apresentou ao país, um alegado estudo da OCDE, onde se teciam os maiores elogios às reformas levadas a cabo pelo Governo no primeiro ciclo do ensino básico.

Dizia José Sócrates, perante as câmaras de televisão, que nunca a OCDE elogiara tanto a política de educação do nosso país.

Julgo que o país inteiro ficou atónito e chocado perante as conclusões do estudo. E, sobretudo, perante o tom de louvor acrítico ao executivo, impróprio de uma organização séria e credível como a OCDE.

É certo que um consultor externo, desde que bem pago, está disponível para escrever tudo aquilo que lhe for pedido.

Mas como poderia a OCDE associar-se a semelhante lambidela à política educativa do Governo?
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A OCDE veio então desmentir a autoria de tal estudo.

Afinal era mentira. Não se trata de um estudo da OCDE, mas sim de um documento encomendado pelo Governo a consultores externos, cujo prefácio é assinado, a título individual, por uma funcionária da OCDE.

O estudo, elaborado com base em documentos fornecidos pelo próprio Governo, propõe “aumentar o sucesso escolar abolindo a retenção nas escolas do primeiro ciclo”. À boa maneira socialista, propõe-se, portanto, abolir administrativamente os chumbos para melhorar as estatísticas.

Ainda que José Sócrates agora o desminta, o documento foi anunciado ao país como um estudo da OCDE. O comunicado distribuído aos órgãos de comunicação social pelo Ministério da Educação diz, textualmente: “O primeiro-ministro, José Sócrates, e a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, assistem amanhã, segunda-feira, dia 26 de Janeiro, à apresentação da avaliação feita pela OCDE das reformas realizadas no 1.º ciclo do Ensino Básico”.

A irresponsabilidade com que se usa o nome de uma organização internacional numa acção de propaganda política é preocupante. Os nossos responsáveis políticos estão de cabeça perdida e isso só pode aumentar a inquietação que tomou conta dos portugueses.
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Devemos ao líder parlamentar do PSD, Paulo Rangel, o desmontar deste número de circo.

João Castanheira

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Os desistentes


O Ministério da Justiça mandou retirar as caixas Multibanco do interior dos tribunais, porque não consegue garantir a segurança e evitar o roubo daqueles equipamentos.

Vital Moreira, consciência acrítica do executivo rosa, concorda. Acha que “enquanto não se eliminar a vulnerabilidade das caixas de Multibanco, deveria ser ordenada a retirada das caixas móveis de todos os lugares inseguros, pelo menos durante a noite”. Por lugar inseguro entenda-se o TRIBUNAL.

Para o senhor professor constitucionalista, o problema não é a vulnerabilidade dos tribunais – que são diariamente assaltados – mas sim a vulnerabilidade das caixas multibanco.

Passariam, assim, a andar caixas Multibanco para cima e para baixo. Monta de manhã, desmonta à noite, tipo carrinho das castanhas.

Talvez o senhor professor constitucionalista recomende aos Juízes que levem os processos para casa, para que a papelada não fique depositada num lugar inseguro como é o tribunal.

Este é o raciocínio habitual da nossa esquerda bem pensante. Uma esquerda militantemente desistente:

· Desiste de garantir a segurança dos tribunais (prefere esconder os multibancos).

· Desiste de travar a entrada de droga nas cadeias (prefere distribuir seringas).

· Desiste de tratar os toxicodependentes (prefere montar salas de chuto).

· Desiste de defender as vítimas de crimes (prefere desculpabilizar os criminosos).

· Desiste de lutar pela vida dos mais frágeis (prefere financiar o aborto).

· Desiste de controlar a despesa pública (prefere aumentar os impostos).

· Desiste de ensinar os estudantes (prefere as passagens administrativas).

Com esta gente iremos de desistência em desistência até ao desastre final.

João Castanheira

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Um país de cócoras


À medida que a crise se aprofunda, a economia portuguesa vai, inexoravelmente, caindo nas mãos dos salvadores ”interesses angolanos” – leia-se o chefe, a família e os amigos.

Depois da Galp, do BCP e do BPI, os ditos “interesses angolanos” preparam-se para tomar a comunicação social portuguesa, a começar pelo moribundo semanário Sol.

Não vale a pena fingir que é a economia a funcionar.

O mundo inteiro sabe de onde vem o dinheiro. E o mundo inteiro conhece o modelo de comunicação social angolano.

Será isso que queremos para Portugal?

João Castanheira

O offshore da Baixa da Banheira

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O Manuel Monteiro continua imparável.

Agora propõe a criação de uma zona franca em Braga, distrito por onde pretende ser eleito deputado nas legislativas deste ano.

E que tal um offshore na Baixa da Banheira? Ou uma região autónoma em Fernão Ferro?

A espiral de delírios parece não ter fim.

Apesar de não ultrapassar os 0,6% sempre que vai a votos, Monteiro é incapaz de perceber que a aventura do PND lhe arruinou a carreira política.

O estrago está feito. Agora bem pode fazer o pino no alto da escadaria do Bom Jesus.

João Castanheira

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Descubra a diferença


Por mais que a comunicação social europeia tente escondê-lo, há uma diferença civilizacional entre os dois lados do conflito no médio oriente. E há cartoons que valem mais que mil palavras...
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João Castanheira


quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

O paradoxo da esquerda caviar


O Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, alertou as jovens portuguesas para o “monte de sarilhos” em que podem meter-se ao casarem com muçulmanos.

A nossa muito laica, libertária e hipócrita esquerda caviar, sempre pronta a ferrar os dentes nas canelas da igreja católica, enfureceu-se.

Acontece que, como bem sabemos, D. José Policarpo se limitou a dar o conselho que qualquer bom pai de família – não muçulmano – dá às suas filhas.

O Xiquito Louçã e a sua rapaziada não ignoram os dogmas medievais que amordaçam as mulheres nas sociedades islâmicas. E nem é preciso referir casos extremos, em que são chicoteadas em público por conduzirem um automóvel ou mortas à pedrada por cometerem adultério.

É interessante, por exemplo, o site das mulheres muçulmanas, que enumera os amplos direitos de que gozam as mulheres no mundo islâmico:

As mulheres muçulmanas têm permissão para sair, trabalhar ou visitar familiares e amigas, desde que o marido não se oponha e desde que se cubram e comportem de acordo com as regras islâmicas. Se necessário, serão escoltadas por um familiar próximo, do sexo masculino.

O marido não deve proibir a sua mulher de sair para adquirir conhecimentos religiosos, a não ser que a ensine em casa. É preferível que a mulher reze em casa, tendo em conta as suas obrigações domésticas, os seus deveres como mãe e a necessidade de evitar a mistura com homens.

O Islão não proíbe as mulheres de trabalharem fora de casa, mas estipula um conjunto de restrições com o objectivo de preservar a dignidade e a honra da mulher, bem como a pureza da sociedade islâmica:

1. O emprego não deve ser uma prioridade, nem deve interferir nas responsabilidades da mulher enquanto esposa e mãe.

2. O emprego não deve causar fricções com a família, sendo necessário o consentimento do marido, para evitar futuros desacordos. Se a mulher não for casada, deverá obter o consentimento do seu guardião.

3. A aparência, o comportamento e o tom de voz da mulher devem seguir as regras islâmicas, que incluem a obrigação de não olhar para homens, vestir-se de acordo com as regras islâmicas, evitar o contacto com homens, não andar de forma provocadora e não usar maquilhagem ou perfume em público.
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4. O emprego deve ser escolhido de modo a evitar o contacto com homens.

É curioso que a nossa esquerda caviar revindique para si todos direitos das sociedades ocidentais, mas esteja, invariavelmente, ao lado do obscurantismo e dos valores medievais.

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João Castanheira

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Por que razão se suicida a Palestina?


De acordo com a propaganda que domina a comunicação social europeia, a Faixa de Gaza é a maior prisão do mundo, devido ao “desumano” cerco israelita.

Acontece que a Faixa de Gaza tem fronteira com um país árabe – o Egipto – que, vá lá saber-se porquê, decidiu também construir um enorme muro em redor dos palestinianos e encerrar o posto fronteiriço, após a tomada do poder pelo Hamas.

Sucede ainda que a Faixa de Gaza tem o pouco urbano hábito de exportar para Israel mísseis e homens bomba, que se fazem explodir em autocarros e cafés, com o objectivo de matar e estropiar o maior número de inocentes que for possível. Deve Israel estender-lhes uma passadeira vermelha?

A iluminada esquerda europeia alega, também, que uma parte da população de Gaza foi forçada a fugir do sul de Israel após a guerra de 1948. Talvez por lapso, não referem que a referida guerra resultou da tentativa de aniquilar o Estado de Israel à nascença, através de um ataque concertado dos exércitos da Síria, do Iraque, do Líbano, do Egipto, da Jordânia, da Arábia Saudita e do Iémen. Israel resistiu e venceu heroicamente.

A catástrofe palestiniana é verdadeiramente penosa e angustiante. Mas mais do que à agressividade israelita ou à falta de solidariedade dos países árabes, os palestinianos deverão pedir contas a si próprios. Em especial aos extremistas que manipulam e destroem a possibilidade de convivência pacífica entre dois Estados democráticos e independentes.

Em vez de sonhar com o aniquilamento do vizinho, em vez despejar rockets em cima da cabeça de inocentes, em vez de esconder armas em mesquitas, em vez de usar o próprio povo como escudo, em vez de apoiar um movimento terrorista que não reconhece o direito à existência do Estado de Israel, a Palestina poderia, talvez, mobilizar o mundo para a construção de um país.

Mas esse é um desígnio que não interessa aos senhores da guerra.

João Castanheira